terça-feira, 7 de julho de 2009

Livro dos atos solitários

Ato 1
Eu penso em você o tempo todo.
Penso quando ando, enquanto durmo, quando sonho.
Penso em você quando olho pra dentro de mim, ferida aberta,
espírito, espelho, cotidiano...
Penso quando cismo não pensar, me engano e me pego pensando.
Eu me perco em raciocínios e me encontro, de novo,
quando em meu pensamento vislumbro seu rosto.
E, em cada entorno dessa obsessão, me ludibrio desse seu eterno retorno.

Eu penso em você em cada fôlego, cada fuligem de bocejo matutino, cada lembrança de noite, carapaça... ferrugem... graxa.
Penso, logo existo nessa inexatidão reflexiva.
Penso em você e me torno segunda natureza de mim mesmo e, em sua ausência lancinante,
Congrego-me em minha consciência que lhe chama,
e chamando, vivo estou apercebendo-lhe longe em mim... (Madeira, 16/08/2006)

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