Nesse mês de julho ainda não posso roçar seu pescoço num gesto de carinho.
Aceita, então, esse cachecol como símbolo disso.
Nesse gesto, aqueço a idéia de protegê-lo na manhã,
Na tarde e na noite fria.
Deixe que se mostre presente esse meu gesto cuidadoso.
Desejo reger o tempo,
Regar seu sono, sua vigília,
Qualquer estado seu na lida cotidiana.
Quero manter acesa minha fogueira,
dando sentido ao calor com que aqueço o peito.
Quero atender a qualquer urgência sua,
Protegê-lo com a lã e esse afã com que corôo o meu pleito atento.
Quero apossá-lo nesse meu afago e despojá-lo do medo que congela a alma.
Faça-me regente e destrone qualquer indício que aponte o contrário.
Que vingue o título e o reinado,
Que vingue e se eternize, num gesto quase vago.
Eis que o eterno também reside no ordinário.
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